Tuesday, April 14, 2020

Sergio, the Netflix Movie (English & Portuguese Reviews)


(You can find a Portuguese translation below the following English review, courtesy of Angelica Sakurada. The Portuguese is hers. Any controversial opinions are entirely my own.)

It was not exactly the United Nation’s finest hour when it tapped China to join its Human Rights Council, despite its dismal record of press censorship, cultural genocide in East Turkestan, and the continuing oppression of religious worship (plus, they made whistleblowers in Wuhan disappear during the early days of the current global pandemic). Hypocrisy and corruption have long been rife throughout the UN bureaucracy, especially during the days of Kofi Annan’s administration. The one shining exception was Brazilian diplomat Sergio Vieira de Mello. He had the unique distinction among his UN peers for actually brokering equitable peace deals, but he was tragically killed by the Al-Qaeda faction that evolved into ISIS. After chronicling Vieira de Mello’s story in documentary form, Greg Barker retells it in the narrative feature simply-titled Sergio, which starts streaming this Friday on Netflix (after premiering at this year’s Sundance).

Vieira de Mello opposed the Iraq War—a fact Barker and screenwriter Craig Borten clearly do not want us to forget. In fact, they revel in his disagreements with Paul Bremer, the Administrator of the Coalition Provisional Authority of Iraq. Alas, it is no spoiler to mention the titular diplomat was killed during his Baghdad posting, because Barker uses it as a narrative device, flashing backwards to happier times, while U.S. Sergeants Bill von Zehle and Andre Valentine, firemen in civilian-life, struggle to unearth Vieira de Mello and his colleague, Gil Loescher, from the precarious rubble. Obviously, the prognosis looks bad.

Those better days include Vieira de Mello’s tenure as the UN’s Transitional Administrator for East Timor, where he negotiated the new nation’s peaceful independence from Indonesia. East Timor is also where the divorced High Commissioner meets Carolina Larriera, a micro-finance expert, who becomes his lover and UN colleague. Unfortunately, such distractions cause Vieira de Mello to neglect his sons. Indeed, family time is rare and awkward for the diplomat (sadly, a big pot of delicious shrimp moqueca is neglected during a short-lived family reunion).

Sergio’s biases are blatantly obvious, but they still probably could have been worse. Arguably, Bradley Whitford’s cartoonish portrayal of the nebbish Bremer as cynical villain is the most egregious aspect of the film. On the other hand, it forthrightly depicts the heroic efforts of von Zehle and Valentine to save Sergio and Loescher. It is worth noting von Zehle served as a technical advisor, which is a major reason why the rescue sequences are so tense and realistic.

Borten’s screenplay readily admits Vieira de Mello’s decision to evict the U.S. forces guarding the UN’s headquarters in Iraq left it directly vulnerable to terrorist attack. However, for some dubious reason, it omits al-Zarqawi’s cited motivation for the bombing in his statement of responsibility: the East Timor deal that result in a net loss of territory controlled by the Islamic Caliphate—in that case the Indonesian government.

As a film, Sergio moves along at a good pace and convincingly recreates the major events of his time, even though Barker and lead actor Wagner Moura are transparently mindful of protecting Vieira de Mello’s reputation throughout the film. They show some self-doubt and human weakness, but just enough to provide an opportunity for redemption. Ana de Armas is pretty believable expressing frustration with his workaholism and commitment phobia, but the character is largely defined in relationship to him.

Up until the harrowing rescue sequences, Brian F. O’Byrne almost always hits the same cynically pragmatic note as Loescher, Vieira de Mello’s more realpolitik lieutenant. As it happens, the most charismatic performance might just come from Garret Dillahunt, who inspires confidence playing Sgt. von Zehle. Plus, fans of Southeast Asian cinema may be amused to see the great Vithaya Pansringarm pop up briefly as the president of Indonesia.

Sergio has a smoothly professional gloss, but its predictable sentimentality gives it the vibe of a well-intentioned TV movie, which it sort of is. It is not boring, but it always feels very sanitized. Still, it does better by the American military than most viewers would expect. Recommended as a candidate for socially-distancing, self-quarantining streaming, Sergio premieres this Friday (4/17) on Netflix.

Sérgio, o filme na Netflix

Não foi o melhor momento das Nações Unidas quando a China foi escolhida para participar do Conselho de Direitos Humanos, apesar das evidências deprimentes de censura de imprensa, genocídio cultural no Turquestão Oriental, e a pregação contínua da opressão religiosa (além deles terem feito as denúncias em Wuhan desaparecerem no princípio deste pandemia global). Hipocrisia e corrupção sempre foram recorrente na burocracia das Nações Unidas, especialmente durante o mandato de Kofi Annan. A única exceção evidente foi o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Ele apresentava uma distinção peculiar entre os seus colegas na ONU por realmente negociar tratados de paz imparciais, embora ele tenha acabado sendo tragicamente morto pela facção da Al-Qaeda que se tornou o ISIS. Após contar a estória de Sérgio Vieira de Mello no formato de documentário, Greg Baker reconta a estória em forma de narrativa simplesmente intitulando como Sérgio, que será lançado neste sexta-feira na Netflix (após lançamento no Festival de Sundance deste ano).

Sérgio de Mello se opôs à Guerra do Iraque, um fato que Greg Baker e o roteirista Craig Borten fazem questão de nos relembrar. De fato, eles revelam este fato nos desentendimentos entre Sérgio e Paul Bremer, o administrador da Autoridade Provisória da Coalizão do Iraque. Não é nenhum spoiler mencionar que o diplomata titular foi morto durante seu posto em Bagdá, porque Greg Baker usa isso como instrumento de narrativa, voltando ao passado a momentos felizes,  enquanto os sargentos americanos Bill von Zehle e Andre Valentine, bombeiros na vida civil, sofrem para desenterrar Sérgio de Mello e seu colega Gil Loescher dos escombros. Obviamente, o prognóstico se mostra ruim.

Os dias melhores incluem o mandato de Sérgio de Mello como o administrador de transição da ONU no Timor Leste, quando ele negociou com a Indonésia a independência pacífica da nova nação. O Timor Leste é também onde o alto comissário divorciado conhece Carolina Larriera, uma especialista em micro-finanças, que se torna sua amante e colega da ONU. Infelizmente, essas distrações acabam por fazer Sérgio de Mello negligenciar seus filhos. Realmente, tempo em família é uma coisa rara e estranha para o diplomata (até um caldeirão de moqueca de camarão é negligenciado durante uma curta reunião de família).

A tendência política de Sérgio de Mello é bastante óbvia, mas poderia ter sido ainda pior. Discutível, o retrato cartunístico de Bradley Whitford do nerd Bremer como uma vilão cínico é a parte pior do filme. Por um outro lado, o filme decididamente mostra os esforços heroicos de Bill von Zehle e Andre Valentine no salvamento de Sérgio de Mello e Gil Loescher. É importante destacar que Bill von Zehle atuou como um assessor técnico, que é uma das principais razões do porquê as sequências de resgate são tão tensas e realísticas.

O roteiro de Craig Borten imediatamente admite que a decisão de Sérgio de Mello de dispensar a guarda americana fazendo a segurança do prédio da ONU no Iraque os deixou diretamente vulnerável ao ataque terrorista. Entretanto, por razões dúbias, o filme omite a citação de al-Zarqawi sobre o motivo do ataque na sua declaração de autoria: o tratado do Timor Leste que resultou na perda de controle de território pelo califado islâmico, neste caso do governo indonésio.

Como filme, Sérgio se desenrola bem com um bom ritmo e convincentemente recria a maioria dos eventos do seu tempo, mesmo que Greg Baker e o ator principal Wagner Moura se mostrem transparentemente cientes em proteger a reputação de Sérgio de Mello no filme.  Eles mostram algumas inseguranças e defeitos do ser humano, mas somente até o necessário para permitir uma oportunidade de redenção. Ana de Armas é bem convincente expressando sua frustação com o jeito workaholic e pavor de comprometimento de Sérgio de Mello, mas o personagem é bastante definido em função dele.

Até as sequências intensas de resgate, Brian F. O’Byrne quase sempre mostra o mesmo tom pragmático e cínico como Loescher, o tenente realista de Sérgio de Mello. Como esperado, a performance mais carismática vem de Garret Dillahunt, que inspira confiança representando o sargento Bill von Zehle. Além disso, os fās de cinema sul asiático devem ficar alegres em ver o grande Vithaya Pansringarm aparecer brevemente como o presidente da Indonésia.

Sérgio tem um brilho profissional de cinema, mas seu sentimentalismo previsível dá uma sensação de um bem intencionado filme para tv, o que em parte o filme é. Não é um filme chato, mas sempre parece muito certinho. Mesmo assim, o filme aborda os militares americanos melhor do que muitas pessoas podem esperar. Recomendado como candidato para esse período de quarentena e isolamento social, Sergio será lançado nesta sexta-feira (17/abril) na Netflix.